26 outubro 2013

“O Plano Nacional de Agroecologia é uma conquista, mas se a ANA o construísse seria muito mais ambicioso”, afirma Denis Monteiro


ANA
A avaliação da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é que o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), lançado pela Presidenta Dilma Rousseff no dia 17 de outubro, é positivo e representa uma conquista dos movimentos sociais do campo, embora esteja aquém das demandas das organizações e agricultores. Essa é a análise de Denis Monteiro, secretário executivo da ANA. Segundo ele, existem possibilidades significativas para o avanço da agroecologia no Brasil desde que haja uma participação ativa da sociedade e do governo para a execução das iniciativas e metas do plano.  
Qual a avaliação dos movimentos em relação ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que foi lançado e vai até 2015?
É uma grande conquista dos movimentos sociais do campo, e aqui vale destacar o protagonismo das mulheres e da Marcha das Margaridas. É uma oportunidade para aumentar e diversificar a produção agroecológica em todos os lugares do Brasil, envolvendo mais agricultores e agricultoras nas dinâmicas sociais de promoção da agroecologia. Não tivemos surpresas com o seu conteúdo, o Plano é muito próximo das últimas versões discutidas e apresentadas nas reuniões da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO). Foi interessante que o ato de lançamento contou com o anúncio de diversas iniciativas concretas previstas no plano, que já cobrávamos do governo há meses: a assinatura do acordo do Programa Ecoforte, de fortalecimento de redes de promoção da agroecologia, a Chamada de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para Agroecologia, outra para pescadores artesanais, a assinatura de um acordo do BNDES com a ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) para a construção de tecnologias sociais de armazenamento de água para produção e estruturação de bancos comunitários de sementes.
Embora o lançamento tenha demorado alguns meses além do que esperávamos, foi feito com o anúncio de medidas concretas e isso é positivo. Foi a primeira vez que vimos uma Presidenta da República falando claramente em agroecologia, enfim o Estado brasileiro começa a reconhecer a agroecologia e seu potencial para a produção de alimentos saudáveis e conservação dos bens comuns, dando mais voz e espaço à cidadania e ao povo que aos interesses das grandes corporações, como disse a Presidenta Dilma por ocasião das manifestações de junho. Mas não é o plano dos nossos sonhos. Se nós da ANA construíssemos um plano ele seria muito mais ambicioso, teria mais recursos alocados e mais iniciativas. Mas é uma grande oportunidade para avançarmos na internalização do enfoque agroecológico nas instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão e no fortalecimento das organizações da sociedade civil que historicamente trabalham com a promoção da agroecologia, mas para isso seguiremos cobrando do governo a revisão do marco legal que regula a relação entre o Estado e a Sociedade Civil no que diz respeito ao acesso a recursos públicos para o desenvolvimento, pois sem o protagonismo das organizações da sociedade civil, não se avança na promoção da agroecologia.
No processo de instituição da política e elaboração do plano, as organizações questionaram muito a ausência da reforma agrária na pauta.
Desde o decreto que institui a política, fizemos a crítica da ausência da reforma agrária e da garantia dos direitos territoriais das populações tradicionais. Achamos inadmissível que o governo federal fique refém do pacto de economia política que favorece as multinacionais do agronegócio e os latifúndios e interdita o debate sobre a necessidade da reforma agrária e da garantia dos direitos territoriais das populações tradicionais. Consideramos que foi importante o anúncio, durante o lançamento do Planapo, que até o final deste ano de 2013 serão editados cem decretos de desapropriação de grandes fazendas para fins de reforma agrária. Reivindicamos reiteradamente que sem a realização da reforma agrária não é possível avançar na agroecologia, embora a gente saiba que esses cem decretos estão muitíssimo aquém das demandas dos movimentos sociais e das necessidades históricas do campesinato. Consideramos de grande relevância política que esses decretos de desapropriação tenham sido anunciados junto com o plano de agroecologia, pois sinaliza que é preciso garantir terras para os agricultores familiares e as comunidades tradicionais se queremos avançar na promoção da agroecologia. A base social da agroecologia é a agricultura familiar, camponesa, e as populações tradicionais, que hoje estão ameaçadas no contexto de avanço do agronegócio. Essas populações vêm sendo desterritorializadas, e o processo de reforma agrária continua praticamente parado. Tomara que esse anúncio tenha sido um movimento no sentido de recolocar na agenda política do Brasil a questão da reforma agrária, só vamos avançar com a agroecologia se tivermos uma reestruturação da propriedade da terra no Brasil, que hoje é extremamente concentrada. Isso é um limite estrutural, e precisa ser superado. Vamos cobrar do governo os decretos de desapropriações prometidos como se fossem metas do plano de agroecologia.
Como será o funcionamento do plano a partir do lançamento e a participação da sociedade nessa dinâmica, inclusive no controle social?
Na reunião da CNAPO que seguiu o lançamento do Plano foram instituídas algumas subcomissões temáticas e grupos de trabalho. Tem um grupo de trabalho previsto no plano para construir um Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos, nossa expectativa é que ele seja formalizado e tenha uma participação ativa da sociedade civil e do governo para sua realização, pois a situação é dramática e um país que merece um plano de agroecologia não pode continuar com o título de campeão mundial no uso de agrotóxicos. Uma subcomissão formada foi sobre conhecimento, que será responsável por desenhar, implementar e monitorar as medidas relacionadas a Ater, a pesquisa e o ensino. A outra é sobre sementes, e vai trabalhar sobre a agenda da ampliação do trabalho de promoção das sementes crioulas e varietais para enfrentar esse processo de grave erosão genética e avanço dos transgênicos no Brasil. Há uma subcomissão sobre produção, fomento, crédito e agroindústria, que vai traçar as estratégias para redesenhar a política de crédito para a agricultura familiar, porque hoje o crédito tem sido um instrumento para atrelar a agricultura familiar às cadeias do agronegócio com a compra de insumos químicos e especialização da produção. Então esse crédito precisa ser redesenhado para que o financiamento público seja orientado para promover os sistemas agroecológicos. Também tem uma subcomissão sobre sociobiodiversidade que vai ser responsável por iniciativas relacionadas ao agroextrativismo, ao incentivo à produção e beneficiamento de plantas nativas, como a juçara, o açaí, a castanha, o pinhão, entre outros. Além dessas, há uma subcomissão de insumos, que vai tratar da agenda de regularização dos insumos para produção orgânica, pois o Estado tem sido ágil para liberar agrotóxicos, mas extremamente lento para registrar e liberar para comercialização produtos para produção orgânica. E a subcomissão temática de produção orgânica, que já existia. Foi criada também a subcomissão de gênero, os movimentos de mulheres vão ter uma atenção específica às ações e políticas para as mulheres, mas também vão participar das outras subcomissões para discutir como as iniciativas incorporam o incentivo à participação e protagonismo das mulheres.
Então foram instaladas essas subcomissões que vão fazer o desenho mais detalhado das iniciativas e um acompanhamento da execução do plano. Não adianta ter um plano com ações interessantes e guardadas na gaveta sem operacionalização. A Presidenta Dilma também deu o recado para os seus ministros e secretários responsáveis por tocar essa agenda, que as metas têm que ser executadas. Então vamos continuar cobrando. As metas tem que ser executadas com a participação ativa da sociedade civil, não há construção da agroecologia sem as organizações dos agricultores e sem fortalecer as organizações de assessoria que vêm construindo a agroecologia, algumas há trinta anos, muitas vezes sem o apoio do Estado. Agora que o Estado começa a reconhecer a agroecologia e desenha um plano nacional, esse protagonismo da sociedade civil não pode ser abandonado.
O plano também será objeto de debate e monitoramento em outros espaços de controle social, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF) e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), assim como nas comissões estaduais da produção orgânica.
Tem mais alguma questão em relação a esse lançamento que mereça destaque?
Uma questão que a Presidenta Dilma destacou em seu discurso é a importância do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O programa vem recebendo ataques pela grande mídia, e sofrendo até questionamentos do governo norte americano, e a ANA repudia essas tentativas de desqualificá-lo, já inclusive publicamos uma carta aberta assinada com mais de cem organizações. Esse programa é muito bem sucedido, e absolutamente estratégico para o plano de agroecologia, porque viabiliza fomenta a diversificação da produção da agricultura familiar e a comercialização com a compra pelo Estado para os programas públicos de promoção da segurança alimentar e nutricional. Atua inclusive na dinamização de redes territoriais de promoção do uso e conservação das sementes crioulas. A Presidenta deu o recado claro, em seu discurso, que o programa será mantido e fortalecido, o que é muito importante nesse contexto de uma ofensiva de quem não quer que o programa dê certo. Outro destaque é o programa Ecoforte de fortalecimento das redes de promoção da agroecologia, produção orgânica e extrativismo. Esse programa lançado junto com o Plano tem um papel fundamental. Sabemos que o sucesso do plano vai depender da nossa capacidade de mobilização e pressão, e para isso estaremos empenhados, sobretudo agora que estamos mobilizados na preparação do III Encontro Nacional de Agroecologia.

Chamada para segurança alimentar e nutricional recebe propostas até 4 de novembro


Pesquisas na área de Segurança Alimentar e Nutricional recebem apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no valor total de R$ 4 milhões.
O CNPq recebe as propostas até 04 de novembro pela Plataforma Carlos Chagas. Os projetos de pesquisa podem ser submetidos nas linhas de temáticas: Linha 1: Educação e Sistemas Sustentáveis e Descentralizados de Produção, Processamento, Distribuição e Abastecimento De Alimentos, Considerando Extração, Pesca E Aquicultura e Tecnologias de Base Agroecológica e Linha 2: Educação a atenção Nutricional Articulado a ações de Segurança Alimentar e Nutricional para Promoção da Alimentação Saudável.
Entre as ações previstas está identificar e fomentar núcleos e grupos de ensino, pesquisa, extensão e apoiar a geração e difusão de conhecimento e tecnologias na área; integrar políticas públicas de modo a estimular a produção do conhecimento, as necessidades sociais e de gestão, produzindo o desenvolvimento social, segurança alimentar e nutricional, e inclusão social; alem da agricultura familiar, o abastecimento alimentar e compras institucionais até um consumo saudável.
Para saber mais acesse o edital da chamada.

23 outubro 2013

MPF investiga denúncia de coação contra famílias vítimas de uso de agrotóxico

A Procuradoria da República em Rio Verde realizou nessa semana a oitiva de vítimas da pulverização aérea de agrotóxicos no projeto de assentamento Pontal dos Buritis, que afirmaram ter recebido ligações anônimas coagindo-as a encerrar as discussões sobre o uso abusivo de agrotóxicos na região.
As ameaças ocorreram após manifestação das vítimas em audiência pública ocorrida na Comissão de Direitos Humanos do Senado, em 19 de setembro.
A Procuradoria da Republica em Rio Verde tem recebido semanalmente vítimas da pulverização aérea de agrotóxicos na escola rural São José do Pontal, em maio último. As famílias têm relatado a ineficiência dos poderes públicos na região para assegurar adequado tratamento aos atingidos.

Na escola rural atingida pelo uso inadequado de agrotóxicos, o abastecimento de água é feito por caminhões pipa, em razão da contaminação do poço por coliformes fecais. Recentemente os alunos foram dispensados mais cedo do expediente escolar em razão da ausência de água potável na escola.

México suspende plantação de milho transgênico

O tribunal federal distrital para questões civis da Cidade do México emitiu uma medida cautelar para suspender as autorizações existentes ou pendentes para uso de milho geneticamente modificado. “O milho transgênico representa um risco iminente de dano para o meio ambiente”, alertou o juiz federal Jaime Eduardo Verdugo, em decisão do dia 10 de outubro. A medida é endereçada ao Ministério da Agricultura (Sagarpa) e ao Ministério do Meio Ambiente (Semarnat), os órgãos federais competentes. A decisão interrompeu todas as atividades relacionadas com o plantio de milho transgênico no país. A decisão do juiz é uma resposta a uma ação coletiva de cidadãos, agricultores, camponeses, populações indígenas, advogados, cientistas e ativistas, que lutam para defender a cultura mais representativa do México e base da alimentação tradicional. “Essa ação sintetiza o que temos defendido há 15 anos: a proteção do milho como alimento básico dos mexicanos, assim como a preservação do nosso país livre de transgênicos, já que é o reservatório genético desse cereal, fundamental para a humanidade e o principal produtor mundial na atualidade”, disse Adelita San Vicente, representante da Fundação Semillas de Vida A.C, que apoia a campanha.

Emater-PB incentiva e trabalha transição agroecológica com agricultores de Cajazeirinhas-PB

A produção agroecológica na Paraíba está ganhando espaço entre os agricultores familiares assessorados pela Emater que, no ano passado, atendeu 184 mil com trabalho de esclarecimento feito pelos extensionistas. O resultado isso é que esses produtores conquistaram mais mercados para seus produtos.
Além das 24 feiras acompanhadas, os produtos têm a comercialização garantida pelas compras governamentais, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição Alimentar (PAA) e também nos municípios onde residem.
Em 2012, por exemplo, a Emater prestou assessoria técnica aos agricultores familiares visando a expansão da agroecologia por meio de cursos, oficinas e eventos como ‘Dia de Campo’, que levavam palestras e oficinas abordando o desenvolvimento sustentável, a transição agroecológica e a convivência com o semiárido.
Segundo o presidente da Emater, Geovanni Medeiros, o sistema alimentar sustentável vai desde o plantio até a mesa do consumidor, buscando produzir alimentos saudáveis de forma a garantir as necessidades nutricionais da população enquanto protege e garante as necessidades das gerações futuras.
Um exemplo de agricultor familiar que absorveu a prática é o senhor Francisco Lacerda de Andrade (Tiquinho) da comunidade rural do Madruga, em Cajazeirinhas, no Sertão. Ele cultiva hortaliças livres de agrotóxicos, utilizando adubação orgânica (esterco de curral), combate pragas e doenças com inseticidas naturais. “Isso significa mais saúde para o consumidor final, aquele que compra seus produtos”, afirmou o extensionista Zildo Vicente.
Hoje, na região, Tiquinho é considerado um modelo de agricultor familiar e a Emater está presente em sua horta com assessoria técnica na hora da produção e também na comercialização. Antes, ele só cultivava coentro, mais foi incentivado pelo técnico Zildo Vicente a diversificar a sua produção com novas culturas como alface, cebolinha, quiabo, pimenta, tomate, pimentão, beterraba e cenoura. O agricultor já foi cadastrado para fornecer ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e ao Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) no município, e o excedente da produção comercializa na zona urbana.
Toda água utilizada para irrigação das hortaliças é oriunda de um poço amazonas construído na propriedade, com apenas seis metros de profundidade e que, segundo o agricultor, nunca secou, mesmo com a estiagem que vem ocorrendo desde 2012. “Estamos elaborando um projeto para que ele mude o método de irrigação convencional para a irrigação localizada (microaspersão e gotejamento). Isso vai gerar uma grande economia de água e terá uma melhor eficiência do sistema”, informou o técnico. O agricultor já foi também cadastrado no programa Tarifa Verde para se beneficiar da redução dos custos com energia elétrica.

“Todas essas ações mostram que é possível produzir alimentos no semiárido, mesmo em plena seca, quando se tem a assessoria técnica continuada e orientando os trabalhos na agricultura familiar”, disse.

14 outubro 2013

4º Encontro do Programa Agroecológico Integrado Sustentável (Pais)

A cidade de Sumé, no Cariri paraibano, vai sediar o 4º Encontro do Programa Agroecológico Integrado Sustentável (Pais), de 16 a 18 de outubro. Durante quatro dias, serão promovidas 40 clínicas tecnológicas, com vários temas, como apicultura, avicultura e caprinocultura. O evento espera reunir cerca de 300 produtores e 100 estudantes universitários.
O encontro também vai contar com palestras que abordarão assuntos atuais. Um dos destaques do Encontro será a Feira da Lua, um livre comércio noturno de orgânicos no dia 18. “Levamos sempre experiências positivas para os produtores, a exemplo da chocadeira e o larvário. Vamos aproveitar o evento, para mostrar novos temas que incrementem a produção”, disse o gestor da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), João Bosco da Silva.
Outra novidade para este ano é a criação da Rede Paraibana de Agroecologia, um grupo virtual e físico de estudantes, técnicos e profissionais de Institutos Federais, Universidades, Embrapa e órgãos envolvidos na agroecologia do Estado. “É uma ideia inovadora para alinhar os assuntos da área”, destacou o gestor.
Alguns espaços foram criados no local do Encontro do Pais para exposições, recepção de doações, mapas, painéis e praça de alimentação. No Memorial Pacto Novo Cariri, por exemplo, terão 10 cruzes com os segmentos trabalhados, imagens, depoimentos e fatos do Pacto Novo Cariri.
Além do Memorial, haverá os espaços da Solidariedade que receberão doações dos produtores dos diversos municípios e dos parceiros. No ocal do evento terá um grande mapa da Paraíba com as 42 cidades que têm os 300 projetos agroecológicos. Haverá ainda o Espaço Painéis, com exposição de artigos científicos publicados sobre o Pais.
O Encontro terá duas praças. A primeira é uma em homenagem a Júlio Rafael (ex-superintendente do Sebrae Paraíba, falecido recentemente) que ficará na entrada do evento e terá uma peça do artesanato da região. A outra é da Alimentação. A Feira da Lua terá diversas barracas de orgânicos e o Cinema na Praça e apresentações de filmes relacionados ao tema.
O 4º Encontro do Pais faz parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a colaboração de entidades e instituições de ensino, divulgação e pesquisa. O Sebrae Paraíba é realizador e parceiro de 19 eventos em quatro cidades do Estado (João Pessoa, Campina Grande, Sumé e Sousa), que irão levar capacitação e orientação para empresários e discutir temas relevantes para pesquisadores e profissionais de diversas áreas ao longo de 25 dias.
Programação
Dia 16
8h às 12h – Credenciamento
12h às 14h – Almoço
14h às 15h – Abertura – Sebrae Nacional, BNDES, Fundação Banco do Brasil, Governo do Estado, prefeitura de Sumé, Direção executiva do Sebrae Paraíba
15h às 16h30 – Palestra Daniel Duarte
16h30 às 18h – Palestra – Agricultura Biodinâmica
18h às 19h30 – Jantar
20h30 às 22h – Cinema na praça
22h – Encerramento
Dia 17
8h às 12h – 10 cursos do PNAE – Compra Legal – Capacitação de 300 produtores
12h às 14h – Almoço
14h às 18h – 40 Clínicas Tecnológicas
18h às 19h30 – Jantar
20h30 às 22h – Cinema na praça
22h – Encerramento
Dia 18
8h às 12h – Criação da Rede Paraibana de Agroecologia
12h às 14h – Almoço
14h às 18h – Debate estudantes de Agroecologia – filme “Um homem, uma vaca e um planeta”
18h às 19h30 – Jantar
19h às 22h – Feira da Lua – Praça Central
22h às 00h – Show de Encerramento com o Cantor Niedson Lua, Praça Central
Programação das Clínicas Tecnológicas
01 – Valter José Campos – Adubação verde
02 – Dayvison Romeryto D. S. Silva – Horticultura orgânica reciclável
03 – José Reginaldo de Souza Junior – Sementeira com Tubos de PVC e Mangueiras
04 – Rafanele Trajano Sousa – Minhocário e Larvário Alternativos
05 – José Lucivaldo Torquato Cordeiro – Técnicas Propagação Sexuada de Plantas Arbustivas e Arbóreas da Caatinga – Recuperação de Áreas Degradadas
06 – Alysson Gomes de Lima – Manejo Agroecológico do Solo
07 – Ricardo Alves da Silva – Técnicas alternativas de cobertura e conservação do solo
08 – Jeneilson Alves da Silva – Forragem Hidropônica de Milho (orgânica)
09 – Thiago do Nascimento Coaracy – Compostagem
10 – Diego de Miranda Rodrigues – Extensão Agroflorestal
11 – Valderêdo Aleixo de Souza Júnior – Chocadeira Alternativa
12 – Joelma Varelo dos Santos – Controle Alternativo de Pragas
13 – Newton de Novais Feitosa Filho – Prevenção de Doenças em Plantas
14 – Oclécio Virgínio Maciel – Biofertilizantes e Caldas Agroecológicas
15 – Genilda – Alimentação Alternativa
16 – Cláudio – Avicultura
17 – Rodrigo – Bovinocultura
18 – Josilda – Plantas Medicinais
19 – Denis – Apicultura

20 – Renato Santos Albuquerque – Produção de mudas hortícolas

Paraíba tem 600 mil pessoas passando fome, 3º maior número entre os estados do Brasil

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em torno de 600 mil paraibanos ainda vivem em situação de insegurança alimentar, deixando a Paraíba em terceiro lugar no ranking entre os Estados com maior número de pessoas que passam fome.
Por causa da estiagem, o problema se agravou. Porém as famílias que não têm o que comer todos os dias estão espalhadas por todo Estado: nas periferias das grandes cidades e nos municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo informou o presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Arimatéia França. Para debater soluções para o problema, começa hoje a Semana Nacional de Alimentação, com palestras e seminários. A ação faz parte da comemoração do Dia Mundial de Alimentação, que é celebrado no dia 16 de outubro.
Segundo Arimatéia, o Consea, em parceria com órgãos públicos, está elaborando as diretrizes do Plano e do Sistema Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, que deve ser apresentado à sociedade até março do próximo ano.
O plano constitui uma buscativa que vai detectar as famílias que estão em situação de insegurança alimentar e, a partir da situação delas, apresentar uma solução concreta para erradicar a fome. “Primeiro vamos colocar todas essas famílias nos programas do MDS, como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Depois vamos traçar outras diretrizes para acabar de vez o problema da fome na Paraíba. O Consea existe para garantir que os programas e ações se efetivem e cheguem para todos os paraibanos”, afirmou.
Fonte: Portal Correio


Semana Mundial da Alimentação em Embu das Artes - SP


   O Governo Municipal de Embu das Artes por meio da Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional e do CONSEA (Conselho Municipal de Segurança Alimentar) celebram a “Semana Mundial da Alimentação” no período de 14 a 18 de outubro no Restaurante Popular Josué de Castro.
   O dia 16 de outubro foi escolhido pelas Nações Unidas como “Dia Mundial da Alimentação” e a cada ano um novo tema é selecionado com o objetivo de chamar a atenção para questões importantes envolvendo a segurança alimentar e nutrição. 
    Em 2013, o assunto escolhido é "Sistemas Alimentares Saudáveis" que propõe uma análise dos impactos dos sistemas alimentares para o meio ambiente. 
   “Da plantação à colheita, do processamento às embalagens, do transporte até as prateleiras de comercialização, a comida que chega às nossas mesas passa por diversas fases e para isso utiliza um bocado de água, cria perigosos gases de efeito estufa e termina afetando cada planta e animal do planeta.”

Programação:
14/10/13 a 18/10/13
– Exposição: Ciclo de produção da plantação à colheita e processamento de hortifruti higienizado
– Exposição: A importância da água para o planeta e nosso organismo
– Exposição: Itens do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ações do Banco de Alimentos
– Exposição de atividades desenvolvidas por entidades, sobre o tema: "Sistemas Alimentares Saudáveis"

Local: Restaurante Popular Josué de Castro
Horário: das 11h às 14h

16/10/13 
– Medida Certa: 10 dicas para alimentação saudável
Local: Sala de Treinamento do Restaurante Popular Josué de Castro
Inscrição: 11/10 até 15/10/2013, em horário de atendimento, no restaurante
Vagas limitadas: 20 participantes
Horário da Oficina: 11h30 às 12h30

17/10/13 
– Pratique sabor e Nutrição, aprenda a aproveitar os alimentos. Oficina culinária de aproveitamento integral dos alimentos, unindo a nutrição e o sabor da gastronomia
Local: Sala de Treinamento do Restaurante Popular Josué de Castro
Inscrição: 11/10 até 15/10/2013, em horário de atendimento, no restaurante
Vagas limitadas: 20 participantes
Horário da Oficina: 11h30 às 12h30

18/10/13 
– Você sabe o que está comendo?
Orientação aos consumidores, diabéticos e hipertensos
Local: Sala de Treinamento do Restaurante Popular Josué de Castro
Inscrição: 11/10 até 15/10/2013, em horário de atendimento, no restaurante
Vagas limitadas: 20 participantes

Horário da Oficina: 11h30 às 12h30

Feira agroecológica tem atividade infantil

A Feira Experimental de Transição Agroecológica e Orgânica, realizada no Parque Natural Chico Mendes, no Alto da Boa Vista, terá hoje uma programação especial voltada para o Dia das Crianças. Além da feira, que acontece das 9h às 13h, as crianças poderão participar de um espaço de troca de brinquedos e de atividades com o grupo Semeando Encanto.
Promovida pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), em parceria com o Grupo de Articulação Regional sobre a Feira Agroecológica de Sorocaba (Garfos), a feira tem como objetivo principal fortalecer os pequenos produtores de Sorocaba e região. As pessoas que forem ao local encontrarão 9 estandes de produtores de Araçoiaba da Serra, Ibiúna, Iperó e Piedade, com até 45 tipos de produtos diferentes, entre frutas, verduras e legumes, todos certificados como produtos orgânicos ou em processo de certificação.
Além dos diversos produtos comercializados, os frequentadores poderão adquirir mudas de árvores nativas e participar de uma oficina de plantas medicinais, que tem como objetivo promover a utilização dos fitoterápicos de forma correta, bem como indicar os benefícios dos mesmos como alternativa natural aos medicamentos alopáticos.
Já o Espaço de Troca de Brinquedos é uma ação promovida pelo Garfos, que além da diversão, objetiva possibilitar o entrosamento e socialização entre as crianças.
Para participar, a criança deve levar brinquedos que já não usa mais, mas que pode ser utilizado por outras crianças. Ao doar o brinquedo, a criança poderá escolher outro. Também será estimulada a troca solidária, na qual cada criança poderá doar mais de um produto. Os brinquedos excedentes serão doados para crianças do assentamento da Fazenda Ipanema, em Iperó.


11 outubro 2013

Instituto Terra Viva Brasil incentiva agricultura orgânica e familiar na região de Sorocaba-SP

O Instituto Terra Viva Brasil de Agroecologia, uma Organização Não-Governamental (ONG) criada no ano passado, realiza o levantamento e articulação da agricultura orgânica e familiar na região de Sorocaba de maneira a formar uma rede para fornecimento de produtos no varejo. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o mercado de orgânicos cresce de 15% a 20% ao ano no Brasil e em 2012 movimentou cerca de R$ 500 milhões, sendo que 85% da produção vem de agricultores familiares.
O presidente do instituto, Pedro Kawamura Gonçalves, cita Araçoiaba da Serra, Ibiúna, Itapetininga, Iperó e Piedade como principais municípios agrícolas na região de Sorocaba. Da Feira Experimental de Transição Agroecológica e Orgânica de Sorocaba, realizada aos sábados de manhã no Parque Municipal Chico Mendes, por enquanto participam sete produtores. A intenção é ampliar esse número e também criar outros espaços para a comercialização dos produtos, segundo Kawamura, que é biólogo com mestrado em agroecologia e desenvolvimento rural.
A feira surgiu de iniciativa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema) em parceria com o Grupo de Articulação Regional da Feira Agroecológica de Sorocaba (Garfos). Os legumes, frutas e verduras são cultivados sem defensivos e fertilizantes químicos. De acordo com Kawamura, nos grandes centros urbanos a procura por produtos orgânicos é maior. A preferência ganha cada vez mais adeptos por propiciar uma alimentação mais natural, portanto saudável e que não afeta o meio ambiente.
O produto orgânico em quitandas e supermercados tem preço geralmente maior que o convencional. O preço chega a ser quatro ou cinco vezes maior que o pago ao produtor. O presidente do Instituto Terra Viva dá o exemplo do tomate orgânico produzido em Ibiúna, que sai da propriedade rural a R$ 4,50 o quilo e é vendido em supermercados da Grande São Paulo por até R$ 16.
A agricultura orgânica já existe tradicionalmente. Não são todos os produtores rurais, principalmente os pequenos, que utilizam defensivos e fertilizantes químicos, principalmente por causa do custo. O crescimento do mercado de produtos orgânicos, com lojas e quitandas especializadas, deve valorizar o trabalho de agricultores familiares. Segundo Kawamura, essa mudança faz parte do processo de transição agroecológica, que já ocorre em outros países.
A participação na feira agroecológica não é obrigatória para ingressar na rede de agricultores familiares e orgânicos, explica o presidente do instituto. Ele diz que há produtores rurais na região que negociam diretamente com distribuidores ou supermercados. "Parte dos produtos orgânicos vendidos em São Paulo são produzidos em municípios da região, como Ibiúna e Piedade." Na região de Sorocaba, o instituto tem apoio do Núcleo de Agroecologia da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), câmpus Sorocaba; da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Iniciativa Verde. O site do Instituto Terra Viva é www.institutoterraviva.org.
Verduras e frutas
O agricultor José dos Reis Boaventura produz verduras e frutas no assentamento de Ipanema, em Iperó. Ele faz parte da Cooperativa de Produção Agropecuária de Agricultura Familiar São Jorge, que reúne 15 famílias. Os lotes de terra estão regularizados desde 1997. Boaventura participa da Feira Agroecológica no Parque Chico Mendes e da feira noturna, às quartas-feiras, na Ceagesp de Sorocaba. Também vende verduras para clientes em bairros da zona norte e de outros pontos de Sorocaba.
Alface, rúcula, almeirão, cebolinha, salsinha e coentro saem do sítio de Boaventura. Faz questão de informar os compradores que cultiva as hortaliças com adubação orgânica. O agricultor plantou um pomar de espécies variadas e cujas árvores estão começando a produzir. Há pés de limão, mexerica, goiaba, lichia e jabuticaba. O composto orgânico que utiliza vem de Ibiúna, mas Boaventura pretende fazer a compostagem no sítio, com minhocas e esterco dos porcos. A minhoca pode ainda ser vendida como isca para pesca ou ser usada como suplemento alimentar de animais, principalmente cavalos.
O combate às pragas é feito de modo natural, segundo o agricultor. Ele enfrenta problema com as formigas, que atacam as folhas das verduras. Para isso, espalha na horta pães embebidos em vinagre, o que dá resultado. O plantio de gergelim também tem o efeito de reduzir as formigas. São práticas tradicionais, de conhecimento popular, de acordo com o presidente do Instituto Terra Viva.
Boaventura diz que as verduras que produz são vendidas ao preço normal de mercado, entre R$ 1,50 e R$ 2. Além dele, trabalham no sítio a esposa, o filho e a enteada. Boaventura conta que é natural de Juruá, Minas Gerais, onde trabalhou na agricultura. Depois se mudou para Goianésia, Goiás, com a família. Trabalhou como boia-fria e entre 1988 e 1991 e cursou o seminário em Aparecida. Entrou para o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e no assentamento do bairro Bacaetava, em Iperó, junto com outros agricultores, iniciou uma horta orgânica, na década de 90.
Marcelo Roma

Uso indiscriminado de agrotóxicos pode levar à CPI no Senado

Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a senadora Ana Rita (PT) avaliará a possibilidade de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o uso indiscriminado de agrotóxicos pelo agronegócio. O setor é beneficiado pelo governo federal, em detrimento de investimentos na agricultura familiar, que não precisa de venenos para ser produtiva.

A sugestão foi feita pelo deputado estadual por Goías Mauro Rubem (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Assembleia Legislativa daquele estado, ao final de uma audiência pública promovida pela senadora nessa quinta-feira (19) para discutir os abusos e irregularidades cometidos na utilização de pesticidas.

Na ocasião, foi exposto o caso grave de contaminação ocorrido em Rio Verde (GO) em maio deste ano. Num relato que estarreceu os participantes da audiência, a mãe de um menino contaminado e o diretor da escola atingida contaram que 29 crianças e oito adultos foram contaminados por agrotóxicos, na hora do recreio, após o piloto de um avião agrícola pulverizar veneno perto da escola. As vítimas continuam sem assistência médica adequada, apesar de os responsáveis terem sido presos e liberados após pagamento de fiança.

Segundo o representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Fernando Carneiro, mencionando uma tese de doutorado, para cada dólar gasto com agrotóxico no Brasil, são gastos US$ 1,28 no tratamento de pessoas intoxicadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – praticamente 30% a mais.

Carneiro também citou um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que denuncia que 80% das propriedades com mais de cem hectares utilizam agrotóxicos em suas plantações. Em outro estudo citado por ele, foi indicado um aumento de 38% nas taxas de mortalidade por câncer em municípios onde há forte presença do agronegócio.

O coordenador da Campanha Permanente contra Agrotóxicos e pela Vida, Cleber Folgado, criminalizou os acontecimentos e denunciou que apenas 30% do que é pulverizado pelo avião chega à planta; os 70% restantes contaminam a água e as pessoas. Ele ainda lembrou que Rio Verde não é um caso isolado e atribuiu a pressões da bancada ruralista a demora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em reavaliar 14 princípios ativos de agrotóxicos que estão em análise desde 2008 e já foram banidos em vários países do mundo. 

Desde 2008 o Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos, embora não seja o maior produtor agrícola. Os resíduos dos químicos se acumulam no solo, na fauna e na flora, e muitas vezes chegam a contaminar lençóis freáticos. O Espírito Santo é o terceiro estado na aplicação de agroquímicos e, assim como ocorre no país, movimentos do campo defendem a proibição da comercialização, uso e aplicação de agrotóxicos que já são proibidos fora do Brasil e a proibição da pulverização aérea em municípios do norte capixaba onde já foram registrados graves casos de contaminação nos últimos anos. 

O uso indiscriminado e sem cuidados de agrotóxicos pode provocar a intoxicação dos trabalhadores com diferentes graus de severidade e ainda levar à depressão e até ao suicídio. Também há registros de diminuição das defesas imunológicas, anemia, impotência sexual, cefaleia, insônia, alterações de pressão arterial, distimia (espécie de depressão crônica) e distúrbios de comportamento.

Ana Rita é autora de duas propostas para regular o uso do insumo: o Projeto de Lei do Senado (PLS 681/2011) que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos para toda e qualquer finalidade, que se encontra na Comissão de Meio Ambiente (CMA); e o projeto de Lei do Senado (PLS 679/2011), em tramitação da Comissão de Agricultura (CRA), que cria a Política Nacional de Apoio ao Agrotóxico Natural, para estimular a pesquisa e a utilização de insumos não sintéticos e não artificiais com a utilização de produtos do meio ambiente.

Any Cometti
20/09/2013 16:00 - Atualizado em 27/09/2013 14:53