07 outubro 2013

Feira leva Reforma Agrária à capital Aracajú


O município de Aracajú (SE) está vivendo ao ritmo da Reforma Agrária. Entre os dias 1 ao 4 de outubro, a população da cidade pode cheirar, tocar e comprovar a riqueza da produção camponesa na Praça Fausto Cardoso, situada no centro da cidade. 
Debaixo de bancas cobertas de lona preta, centenas de assentados e acampados do MST apresentam as variedades dos alimentos que chegam à mesa do trabalhador brasileiro: abobras, milho, feijão, macaxeira, frutas, mel, ovos, galinhas de capoeira, geleias artesanais, doces e bolos.
Todos os alimentos provêm de áreas de Reforma Agrária, e a maioria são produzidos sem o uso de agrotóxicos. Os assentados e acampados expõem também artesanato tradicional, xaropes e sabonetes produzidos a partir de plantas medicinais.

4° Feira da Reforma Agrária
A 4° Feira da Reforma Agrária do estado de Sergipe leva os frutos da luta do MST diretamente ao consumidor, propiciando um momento importante de diálogo com a sociedade.
“A melhor forma de responder às pessoas que não acreditam na Reforma Agrária é trazer os nossos produtos”, afirma Esmeraldo Leal, da direção estadual do MST.
“A feira mostra à sociedade que as famílias que lutaram e conquistaram a terra estão hoje produzindo alimentos que chegam à mesa do trabalhador urbano. Isto é o melhor contraponto ao discurso dos meios de comunicação tradicionais, que criminalizam o Movimento.” Em Sergipe, atualmente há 13.000 famílias assentadas graças à luta do MST.

Contato direto
Para João Gomes, do assentamento Jacaré-Curituba (município de Poço Redondo, no Alto Sertão de Sergipe), além de tudo a Feira também permite o contato direto entre produtor e consumidor.
“Muitas vezes comercializamos a nossa produção por meio do atravessador, que paga um preço baixo ao produtor, mas cobra caro ao consumidor, prejudicando aos dois. Com a venda direta, o produtor recebe um preço justo para o seu trabalho, e o consumidor compra mais barato”.
Porém, não são apenas os assentados que participam da feira. Os acampados também estão presentes e demonstram que a produção começa desde o início do processo de luta pela terra. 
Militantes dos acampamentos Mario Lago e Tingui (região metropolitana do estado) trouxeram frutas, hortaliças, macaxeira, inhame, milho, patos e galinhas. “Apesar de ainda estarmos acampados, já estamos vendendo os nossos produtos, que são orgânicos. Queremos que tenham mais dessas feiras para animar o agricultor a produzir de forma agroecológica”, afirma Marcos André de Lima, dirigente do Mario Lago.

Agroecologia
As polpas, as geléias e os biscoitos vendidos pelo assentado José Mauricio Lima, são produzidos na pequena agroindústria do assentamento Roseli Nunes, situado na região Sul do estado.
Para ele, a Feira ajuda o produtor rural a melhorar suas condições de vida e permite que o trabalhador da cidade tenha acesso a alimentos saudáveis.
“O veneno está matando o pessoal da cidade. Os casos de câncer estão disparando. Produzindo de forma agroecológica podemos melhorar a saúde da população brasileira”, defende.
Os participantes estão unânimes: a Feira é um espaço importante de divulgação da Reforma Agrária como alternativa ao modelo do agronegócio.
Segundo Esmeraldo Leal, a experiência tem de ser ampliada. “A boa recepção do evento por parte da sociedade vai motivar os camponeses a organizar outras feiras nas regiões do estado”, acredita.

Cultura popular
Além da produção da terra, a Feira traz produção cultural, animação e alegria à capital. Toda as noite, a Praça Fausto Cardoso conta com shows musicais resgatando a cultura popular brasileira.

Os artistas Pedro Muñoz, Chico Queiroga, Antônio Rogério, Lupercio, Valdeless, o grupo Guerreiro foram uns dos artistas que subiram no palco da Reforma Agrária. Quinta-feira (3) será a noite do Forró Pé de Serra.

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