O
município de Aracajú (SE) está vivendo ao ritmo da Reforma Agrária. Entre os
dias 1 ao 4 de outubro, a população da cidade pode cheirar, tocar e comprovar a
riqueza da produção camponesa na Praça Fausto Cardoso, situada no centro da
cidade.
Debaixo
de bancas cobertas de lona preta, centenas de assentados e acampados do MST
apresentam as variedades dos alimentos que chegam à mesa do trabalhador
brasileiro: abobras, milho, feijão, macaxeira, frutas, mel, ovos, galinhas de
capoeira, geleias artesanais, doces e bolos.
Todos os
alimentos provêm de áreas de Reforma Agrária, e a maioria são produzidos sem o
uso de agrotóxicos. Os assentados e acampados expõem também artesanato
tradicional, xaropes e sabonetes produzidos a partir de plantas medicinais.
4° Feira da
Reforma Agrária
A 4°
Feira da Reforma Agrária do estado de Sergipe leva os frutos da luta do MST
diretamente ao consumidor, propiciando um momento importante de diálogo com a
sociedade.
“A melhor
forma de responder às pessoas que não acreditam na Reforma Agrária é trazer os
nossos produtos”, afirma Esmeraldo Leal, da direção estadual do MST.
“A feira
mostra à sociedade que as famílias que lutaram e conquistaram a terra estão
hoje produzindo alimentos que chegam à mesa do trabalhador urbano. Isto é o
melhor contraponto ao discurso dos meios de comunicação tradicionais, que
criminalizam o Movimento.” Em Sergipe, atualmente há 13.000 famílias assentadas
graças à luta do MST.
Contato
direto
Para João
Gomes, do assentamento Jacaré-Curituba (município de Poço Redondo, no Alto
Sertão de Sergipe), além de tudo a Feira também permite o contato direto entre
produtor e consumidor.
“Muitas
vezes comercializamos a nossa produção por meio do atravessador, que paga um
preço baixo ao produtor, mas cobra caro ao consumidor, prejudicando aos dois.
Com a venda direta, o produtor recebe um preço justo para o seu trabalho, e o
consumidor compra mais barato”.
Porém,
não são apenas os assentados que participam da feira. Os acampados também estão
presentes e demonstram que a produção começa desde o início do processo de luta
pela terra.
Militantes
dos acampamentos Mario Lago e Tingui (região metropolitana do estado) trouxeram
frutas, hortaliças, macaxeira, inhame, milho, patos e galinhas. “Apesar de
ainda estarmos acampados, já estamos vendendo os nossos produtos, que são
orgânicos. Queremos que tenham mais dessas feiras para animar o agricultor a
produzir de forma agroecológica”, afirma Marcos André de Lima, dirigente do
Mario Lago.
Agroecologia
As
polpas, as geléias e os biscoitos vendidos pelo assentado José Mauricio Lima,
são produzidos na pequena agroindústria do assentamento Roseli Nunes, situado
na região Sul do estado.
Para ele,
a Feira ajuda o produtor rural a melhorar suas condições de vida e permite que
o trabalhador da cidade tenha acesso a alimentos saudáveis.
“O veneno
está matando o pessoal da cidade. Os casos de câncer estão disparando.
Produzindo de forma agroecológica podemos melhorar a saúde da população
brasileira”, defende.
Os
participantes estão unânimes: a Feira é um espaço importante de divulgação da
Reforma Agrária como alternativa ao modelo do agronegócio.
Segundo
Esmeraldo Leal, a experiência tem de ser ampliada. “A boa recepção do evento
por parte da sociedade vai motivar os camponeses a organizar outras feiras nas
regiões do estado”, acredita.
Cultura
popular
Além da
produção da terra, a Feira traz produção cultural, animação e alegria à
capital. Toda as noite, a Praça Fausto Cardoso conta com shows musicais
resgatando a cultura popular brasileira.
Os
artistas Pedro Muñoz, Chico Queiroga, Antônio Rogério, Lupercio, Valdeless, o
grupo Guerreiro foram uns dos artistas que subiram no palco da Reforma Agrária.
Quinta-feira (3) será a noite do Forró Pé de Serra.
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